Intimidades

sábado, fevereiro 04, 2006

Porque me tocaste?

"Nunca pensei que tal me pudesse acontecer. Sempre vivi com a ideia de que as pessoas tinham aquilo que mereciam, e que somente a determinadas pessoas aconteciam determinadas situações. Porquê eu? Porque é que isto me aconteceu a mim? Sinto uma imensidão de emoções que me preenchem a alma: raiva, medo, angústia, vergonha. Nunca ninguém me tinha dito que esta era A doença da Vergonha. Não quero confidenciar o vírus que transporto em mim a ninguém, o vírus que me corrói as entranhas e o coração. As pessoas vão rejeitar-me. Não me vão querer tocar. Não vão compreender e vão olhar-me com desdém e repugnância. Eu própria já o tinha feito, na altura em que pensava existirem grupos de risco. Por vezes não temos noção do tamanho dos nossos preconceitos. E, para mim, a SIDA era um problema dos Outros." (texto ficcionado)

3 Comments:

  • Ãngela e Elisabete, deixem-se tocar!
    É lindo este caminho, mas turtuoso.Com o tempo alguns chegarão até aqui, na sua solidão, querendo o abraço de todos, atemorizados pela rejeição.
    Vocês assim quiseram! Aqui estão, preparadas, disponíveis e com a a esperança dos puros! Continuem a ser tocadas pela compreensão e pela bondade.Deixem-se tocar! Comigo, contarão sempre!

    By Anonymous Anónimo, at 9:29 da tarde  

  • Penso que muitos dos ditos preconceitos que existem na sociedade em relação a sida se deve ao facto de maioritariamente ser uma doença ligada a toxicodependencia, por isso e por historias infelizes, como exemplo as situações que ja aconteceram em cinemas de se encontrarem agulhas infectadas com o virus lá postas por certos indivuduos que se sentem a margem da sociedade, é por isso que é necessario divulgar para melhor compreenção das pessoas e sua devida aceitação.

    Acho que devem continuar com a iniciativa e espero o seu sucesso.

    By Anonymous Anónimo, at 5:32 da tarde  

  • Sempre pensamos que o mal dos outros nunca nos toca, e tal “como é dos outros” nunca será nosso. Mas, só há um senão, Nós Somos os Outros.

    Queiramos ou não “somos exactamente igual aos outros” e no teatro da vida, muitas vezes, julgamos que o real será apenas representado por nós mas, por vezes, a realidade sobrepõem-se à representação e o que parecia ficção torna-se realidade.

    Até nem merecemos o que de mal nos acontece… mas às vezes confiamos. Às vezes pensamos que é correcto e mais tarde verificamos que não foi … Arriscámos por amor e…

    As pessoas seropositivas ou com Sida, além de travarem uma luta constante contra o vírus, travam, ainda, uma batalha constante, quase impossível de ganhar, contra mentes tacanhas, limitadas e desinformadas que pouco ou nada fazem para a alterar …. Torna-se mais fácil apontar o dedo.

    Para podermos alterar os personagens do teatro da vida não podemos arriscar.

    By Anonymous Anónimo, at 11:34 da manhã  

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